Dois
homens suspeitos foram presos pela polícia. Havia a desconfiança de que eles
teriam participado de um crime maior. Ninguém ainda havia descoberto as provas
necessárias para condenar ninguém. Somente uma confissão dos participantes
poderia levar alguém à prisão.
Os
policiais tiveram uma ideia. Separaram os presos um do outros e para ambos foi
oferecido o mesmo acordo. Se o prisioneiro acusar o outro suspeito e este,
quando for interrogado, permanecer em silêncio, o primeiro sai livre e o outro
é condenado a dez anos de prisão. Se ambos permanecerem não disserem nada, a
polícia só pode condená-los a seis meses cada um. Contudo, se o primeiro
permanecer em silêncio e o segundo acusá-lo, a situação se inverte e o
primeiro é que ficará preso por 10 anos. Se os dois se acusarem mutuamente,
cada um ficará preso por cinco anos.
Cada
prisioneiro deve tomar a sua decisão sem saber qual a decisão o outro vai
tomar. Nenhum dos dois tem certeza da decisão do outro. A questão que o dilema
propõe é: o que vai acontecer? Como o prisioneiro vai reagir? Como você
reagiria?
Este é um
jogo clássico, chamado de Dilema do Prisioneiro. Várias questões entram em jogo
aqui: as pessoas são solidárias por natureza? É possível confiar nos outros? Os
bonzinhos só se prejudicam?
Quem pode
dar a resposta com toda a certeza? Ninguém. Há quem diga que a natureza humana
é inicialmente egoísta e que aprendemos a ser solidários com o tempo. É um dos
encaminhamentos que podemos tirar do dilema do prisioneiro. Comunitariamente é
mais vantajoso ajudar o outro e ser ajudado com isso. O empenho seria menor.
Contudo, prejudicar o outro, com a possibilidade de não ser prejudicado,
traria uma vantagem muito maior.
Há
exemplos disso no nosso cotidiano. Num trabalho escolar em grupo, todo mundo
conhece uma história de alguém que ficou encostado e de alguém que fez o
trabalho do outro com o resultado de que ambos ficaram com a mesma nota dos
outros integrantes. Se todos tivessem a mesma postura, o trabalho não sairia e
o prejuízo seria maior. Agora, se todos contribuíssem de maneira equilibrada,
ninguém ficaria sobrecarregado.
Há quem
eduque os jovens para a competitividade, afirmando que o mundo é um lugar de
poucos e são estes poucos que governam os demais. E é por conta deste
pensamento que se incentiva tanto o individualismo. O outro acaba se tornando
um inimigo, ou apenas o destinatário da nossa ação.
Na
Pastoral da Juventude, há um pensamento diferente deste padrão dito acima. O
indivíduo é importante na PJ? Claro que é. Mas entendemos a nossa organização a
partir da articulação de grupos. A ação é dos grupos, não de indivíduos
isolados.
E nos
grupos de PJ sempre se procura educar para a solidariedade e não para a
competitividade. Você conhece, por exemplo, a brincadeira da dança das
cadeiras, quando há sempre uma cadeira a menos e a pessoa menos ágil acaba
sobrando e ficando sem sentar, sendo eliminada do jogo? No ambiente cooperativo
da PJ, a brincadeira é adaptada. Uma cadeira continua a ser retirada a cada
rodada, mas o grupo continua do mesmo tamanho. O objetivo deste exercício é dar
um jeito que se crie um ambiente onde todos caibam e que ninguém seja
eliminado.
Esta
ideia parte da nossa lógica e da nossa prática cristã. Jesus veio para todos e
é através da nossa postura e da nossa atitude que muitos vão conhecê-Lo. Se
vivemos uma prática inclusiva e respeitosa, é este Jesus acolhedor que as
pessoas vão ter contato. Agora se vivemos uma postura individualista e
acomodada é esta também a associação que farão da mensagem de Jesus.
Uma só
força, um só pensamento e um só coração. Este é um grito que a PJ dá em muitos
de seus encontros. Somos uma só força sim. Onde você for e encontrar um grupo
pejoteiro saiba que lá encontrará também a mesma gana e a mesma vontade de
fazer o bem. Um só pensamento sim. Temos o nosso olhar voltado para a vida
plena da juventude. É o mesmo pensamento de Jesus que veio para que todos
tivessem vida. E vida em abundância. E um só coração sim. Um coração
eucarístico. Um coração de comunhão e de fraternidade. Um coração de ternura e
de humildade.
E encerro
por aqui com as palavras de Paulo aos Filipenses (Fl 2, 1-4) que inspiraram
este texto acima: “Portanto, se
há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de
espírito, se existe ternura e compaixão, completem a minha alegria: tenham uma
só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. Não façam nada por
competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um
considerando os outros superiores a si mesmo. Que cada um procure, não o
próprio interesse, mas o interesse dos outros”.
Equipe Teias
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